Bispos apelam à "criatividade" para criar emprego
A esse propósito apelou à contribuição de todos para a resolução dos problemas do desemprego e do emprego precário "com partilha de responsabilidades entre os poderes públicos, centrais e autárquicos, as empresas, os parceiros sociais, as organizações não lucrativas, as famílias e as pessoas individualmente consideradas".
"Entre as situações mais graves estão os que, não tendo trabalho, se encontram sem acesso a qualquer forma de subsídio, correndo os riscos da luta pela subsistência", refere ainda o comunicado da CEP. "São de evitar as políticas de criação de emprego pelo corte dos justos direitos dos trabalhadores", adianta o texto.
Na conferência de imprensa após o final dos trabalhos da assembleia plenária, que hoje terminaram em Fátima, o presidente da CEP e cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, considerou o desemprego um problema "grave e transversal e, até certo ponto, estrutural".
"Depende da saúde da economia, a saúde da economia depende das possibilidades de financiamento, as possibilidades de financiamento são muito escassas, assentavam num sistema bancário internacional que, em boa parte, ou melhor, em má parte faliu", sustentou.
Disse ainda que a crise atual é um problema que atinge a Europa e o mundo e que está ligado a um outro, na África subsariana, das pessoas que emigram à procura de melhores condições nos países europeus.
"Nós não vamos poder resolver de uma maneira local ou até continental um problema que é muito transversal", avisou Manuel Clemente.
Questionou como resolver um problema económico e financeiro, mas também laboral e de dignidade humana, frisando que as soluções, embora assentem em decisões políticas, assentam numa base económica e financeira.
"Qualquer Estado como primeiro órgão do bem comum trabalha e canaliza para resolver os problemas com aquilo que tem, não com aquilo que não tem, sobretudo quando se vive de dinheiro emprestado como infelizmente é o caso", sublinhou o presidente da CEP.
A esse propósito, Manuel Clemente deixou ainda uma mensagem ao poder político e à sociedade em geral: "Cabendo ao poder político uma responsabilidade irrecusável, hoje o problema ultrapassa-o muito nas suas capacidades de resposta".
"Esse problema nenhum Estado resolverá por si", adiantou, frisando que a Europa se confronta já com mais de um século de "tentativas ideológicas de direita e de esquerda" de resolver a sociedade pelo Estado, pelo aparelho político.
"Temos aí as comprovações trágicas que não mudando as pessoas, a mentalidade, as prioridades, e não mudando o sentido da vida para mim e para ou outros, também não é com qualquer espécie de arranque voluntarista, só no campo da politica, que nós resolvemos o problema", afirmou.
Embora dizendo esperar que o Estado Social "se mantenha o mais possível", o presidente da Conferência Episcopal avisou que o Estado Social "se mantenha o mais possível", o presidente da Conferência Episcopal avisou que o Estado Social existe "porque consegue ter uma sociedade que o suporta".